Pessoa identificada como Rodrigo Vechiato da Silveira, ex-assessor do desembargador Sebastião de Moraes, é citado em decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que determinou afastamento do magistrado. Informação foi apurada pelo Olhar Direto. Atualmente Rodrigo Vechiato trabalha como advogado. Trocas de mensagens citam “o homem” e “o chefe”, identificando, por exemplo, transferência de R$ 50 mil e compra de dólares.
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Rodrigo Vechiato aparece como suposto intermediador de negócios entre o advogado Roberto Zampieri e o desembargador Sebastião de Moraes. Conforme apurado, há troca de mensagens com peças processuais endereçadas ao magistrado.
Em uma das ocasiões, Zampieri encaminha a Vechiato cópia de decisão proferida por Sebastião. O ex-assessor se prontifica a “falar na segunda”. Zampieri então responde: “esse tem honorários”. Na continuação do diálogo, Zampieri afirma ainda que havia conversado “com o chefe e ele disse que vai reconsiderar”.
Em consulta aos autos, apurou-se que o desembargador Sebastião de Moraes reconsiderou decisão e julgou de acordo com pedido formulado por Zampieri.
Em outra ocasião, Rodrigo Vechiato relembra Zampieri de que era necessário pagar “o homem”, fornecendo conta bancária, cobrança que foi reiterada por vários dias em razão do atraso no pagamento do “nosso amigo”. No mesmo mês, Zampieri enviou a Rodrigo Vechiato comprovante de transferência no valor de 50 mil.
Outra troca de mensagens discute sobre supostos valores divididos em razão de decisão judicial. São citados no rateio pessoas identificadas como “o menino” e “o chefe”. Mensagens trocadas evidenciam ainda que Rodrigo Vechiato transfere a roberto Zampieri o valor de R$ 60 mil, o qual é usado por Zampieri para aquisição de dólares.
Olhar Direto não conseguiu contato com o advogado Rodrigo Vechiato. A reportagem segue aberta para posicionamentos.
Afastamentos
A Corregedoria Nacional de Justiça determinou, em 1º de agosto, o afastamento cautelar imediato das funções dos desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho.
O Corregedor Nacional, ministro Luis Felipe Salomão, também determinou a instauração de reclamações disciplinares contra os dois magistrados, além da quebra do sigilo bancário e do fiscal dos investigados e de servidores do TJMT, referente aos últimos cinco anos.
Há indícios de que os magistrados mantinham amizade íntima com o falecido advogado Roberto Zampieri – o que os tornaria suspeitos para decidir processos patrocinados pelo referido causídico – e recebiam vantagens financeiras indevidas e presentes de elevado valor para julgarem recursos de acordo com os interesses de Zampieri.