O promotor de Justiça Carlos Eduardo Silva confirmou que vai se candidatar à presidência do Ministério Público de Mato Grosso, no biênio 2025/26, quando o atual Procurador-Geral de Justiça, Deosdete Cruz Júnior, deixará o cargo. Segundo informado por Carlos, sua missão será olhar para dentro da instituição, com um olhar menos palaciano e mais orgânico, que seja “chão de fábrica”.
Leia mais:
Deosdete Cruz confirma que não será candidato à reeleição no Ministério Público
“A gente sente que alguns colegas verificam a necessidade da gente melhorar a estrutura, relacionamento, procuradoria geral e promotores, ter um cuidado especial em relação a servidores nas promotorias, e isso tem faltado um pouco no nosso ponto de vista. Tá faltando esse olhar um pouco mais humanizado também pros promotores, porque a gente imagina um promotor novo, uma promotora que vai pra Porto Alegre do Norte enfrentar todas aquelas dificuldades. Há uma estrutura muito palaciana e pouco orgânica”, disse Carlos.
Pare de um grupo independente, Carlos afirmou que fará oposição ao candidato a ser lançado por Deosdete, que já confirmou que não sairá candidato nas próximas eleições.
Procurador-geral de Justiça, Deosdete Cruz Junior afirmou ao Olhar Jurídico no começo do mês passado que não será candidato à reeleição. Ele foi eleito para o cargo em dezembro de 2022, quando concorreu com a promotora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, vencendo a disputa com 206 votos.
"Após refletir bastante e considerar que estou na administração superior do MPMT há quase seis anos, entendi por bem que é o momento de continuar contribuindo, mas agora em outra posição. Portanto, não serei candidato à recondução. Fico tranquilo por saber que o MPMT tem em seus quadros candidatos com condições de dar sequência na linha para a qual nos propusemos, voltada à aproximação da instituição com a sociedade e integração com as demais instituições; busca de resolutividade através da autocomposição; e combate às organizações criminosas".
As especulações sobre a desistência de Cruz concorrer à reeleição surgiram no começo do ano e se intensificaram em maio. Mas até então não havia uma declaração pública sobre isso.
Em meio deste ano, durante participação no PodOlhar, videocast do Olhar Direto, o PGJ rejeitou a ideia de fazer parte de um grupo específico no MP e garantiu que a decisão sobre eventual recondução ao cargo não tem relação com a abertura de novas vagas de desembargador do Tribunal de Justiça (TJMT).
A possibilidade de desistência, inclusive, chegou a gerar atritos entre Deosdete e o seu antecessor, José Antônio Borges. Discordâncias pontuais entre os dois que surgiram ao longo da gestão de Cruz e desaguaram em um racha formal com a sucessão ao cargo como pano de fundo do atrito.
Para Carlos, o anúncio de Deosdete ao alegar que não sairia candidato pegou muito gente de surpresa.
“Bom, a decisão veio a partir do momento em que o Deusdete anunciou que não sairia a reeleição. Aparentemente, ele teria uma reeleição garantida, né? E quando ele anunciou que não seria candidato à reeleição, de certa forma pegou muita gente de surpresa. Os colegas conversando internamente, olha, acho que é um momento oportuno para a gente também lançar uma candidatura, a partir para o debate, para a discussão, para poder, quem sabe, chegar a procuradoria geral”, completou Carlos.
Carlos tem 28 anos de Ministério Público Estadual e atualmente coordena o Centro de Apoio Operacional do Patrimônio Histórico e Cultural, do Meio Ambiente Urbano e de Assuntos Fundiários (CAO Urbe), prestando apoio técnico-jurídico às Promotorias de Justiça de todo o Estado.
A escolha do procurador-geral de Justiça é feita por meio de eleição interna para a formação de uma lista tríplice. Essa lista então é encaminhada ao governador do Estado, que escolhe um dos três.