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Sexta-feira, 11 de outubro de 2024

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não quer júri popular

Advogado réu por tentativa de feminicídio alega que ex é mais alta, mais forte e foi ela quem lhe agrediu

Foto: Reprodução

Advogado réu por tentativa de feminicídio alega que ex é mais alta, mais forte e foi ela quem lhe agrediu
O advogado Nauder Andrade Alves Júnior, acusado de tentar matar sua ex-namorada, a engenheira E.T.M., de 29 anos, agora patrocina a própria defesa na ação em que responde por feminicídio tentado. Nesta semana, ele apresentou recurso pedindo que não seja remetido ao julgamento popular, após ser sentenciado ao tribunal do júri.  Requerimento foi encaminhado à juíza Ana Graziala Vaz Campos Corrêa, da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Cuiabá, que ainda não proferiu uma decisão.


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Nauder pede reforma da sentença visando a desclassificação da tentativa de feminicídio, a qual o Ministério Público o imputa, para conduta de lesão corporal. Caso tal requerimento seja negado, ele pretende o afastamento das qualificadoras do motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Nas 28 laudas de argumentação, Nauder repete, insistentemente, que não teve a intenção de matar E.T.M. Dentre os argumentos, já exaustivamente expostos durante a instrução, um deles chamou muita atenção.

Além de chamar a sua ex-companheira de descontrolada e mentirosa, Nauder escreveu, em negrito e caixa alta, que ele apenas se defendeu das agressões feitas por E.T.M., a qual ele disse ter tamanho e força superiores à sua.

“O QUE REALMENTE SE DEU NA DATA DOS FATOS É QUE O ACUSADO SE DEFENDEU DAS AGRESSÕES SOFRIDAS PELA SUPOSTA VÍTIMA QUE TEM O TAMANHO E FORÇA BEM SUPERIOR AO DO ACUSADO E ACABOU CAUSANDO LESÕES CORPORAIS NA VÍTIMA COMO TAMBÉM SOFREU AGRESSÕES PELA VÍTIMA”, anotou.
 
Os eventos que resultaram no processo penal ocorreram em agosto de 2023, quando Nauder, sob efeito de cocaína, tentou forçar relações sexuais com E.T.M. e, diante da recusa, a espancou com uma barra de ferro. A vítima só não morreu porque, segundo consta nos autos, conseguiu pedir ajuda aos vizinhos.
Tal versão foi deposta pela vítima e aceita pela juíza ao decidir pronuncia-lo. Em nova sentença, proferida no dia 27 de junho, a juíza Ana Graziala determinou que Nauder seja julgado por tentativa de feminicídio.
 
Em maio, Nauder foi liberado provisoriamente com o uso de tornozeleira eletrônica, após o Tribunal de Justiça anular a primeira sentença por excesso de fundamentação.

No entanto, na nova ordem, a juíza confirmou que ele será julgado por tentativa de feminicídio, com agravantes de motivo fútil, dificuldade de defesa da vítima e no contexto de violência doméstica.

Para decidir pelo júri popular, a juíza Ana Graziala destacou que as provas são claras quanto à tentativa de homicídio, ocorrida em um contexto de violência doméstica e desprezo pela vítima.

Ela afirmou: “Pronuncio o acusado Nauder Júnior Alves Andrade pela prática, em tese, do delito previsto no artigo 121, §2º, incisos II [motivo fútil], IV [dificuldade de defesa] e VI [feminicídio], c/c §2º-A, inciso I [violência doméstica e familiar] e II [menosprezo à condição de mulher]”.

Durante o processo, Nauder tentou culpar a engenheira, alegando que agiu em legítima defesa e não teve a intenção de feri-la gravemente. Essas alegações foram rejeitadas pela juíza, que apontou o motivo fútil como um dos agravantes. Nauder estava tomado por um sentimento fantasioso de traição, supostamente exacerbado pelo uso de drogas.

Outro agravante destacado foi a dificuldade de defesa da vítima. E.T.M. relatou que foi pega de surpresa pelo ataque do advogado, que nunca havia lhe agredido antes. Na ocasião, após se recusar a manter relações sexuais, foi agarrada pelo pescoço e espancada.

Nauder foi preso em flagrante no dia 18 de agosto, em Cuiabá, e encontrado em uma clínica de recuperação para dependentes químicos em Chapada dos Guimarães. A vítima, por sua vez, foi encontrada próxima à guarita de um condomínio residencial, no bairro Morada do Ouro, e encaminhada ao Plantão da Mulher 24h pela Polícia Militar.

Em seu depoimento à delegada Divina Martins, E.T.M. contou que estava em casa com Nauder quando ele saiu do quarto para usar drogas e, ao retornar, tentou forçar relações sexuais. Diante da recusa, ele começou a agredi-la com socos e chutes, culminando no uso de uma barra de ferro. A engenheira conseguiu escapar e buscar ajuda na portaria de um condomínio próximo.
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