O assassinato do jovem C.O.B, em 2016, voltou a ganhar atenção pública após a realização de uma audiência que iria ouvir um dos suspeitos do crime. A mãe da vítima, que tinha passagens pela polícia por tráfico de drogas, participou como testemunha da audiência e após se alterar e proferir ameaças ao advogado e réu, acabou recebendo voz de prisão do juiz Wladymir Perri, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá.
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O caso tem causado grande debate, principalmente após relatos do advogado Railton Oliveira terem vindo à tona, evidenciando que o juiz determinou a prisão da mãe, Sylvia Mirian Oliveira, somente após o pedido da defesa do suspeito de homicídio. Segundo ele, o crime contra o filho da mulher, mesmo após sete anos, ainda conta com uma lista de investigados.
C. O.B, tinha 20 anos quando foi assassinado no bairro Novo Milênio, periferia de Cuiabá. Na época do crime, a mulher com quem namorava há cinco anos e moravam juntos, com então 19 anos, relatou em boletim de ocorrência que o parceiro, conhecido como “Nenê”, era usuário de entorpecentes e tinha passagens pela polícia por receptação e tráfico de drogas.
Na semana em que foi assassinado, segundo relatado no boletim de ocorrência, Nenê havia chegado em casa afirmando que queria mudar de bairro, pois havia sido ameaçado de morte. Para a mulher, ele contou que estava em uma casa abandonada, quando o morador de uma residência próxima pediu que ele não fizesse uso de drogas ali, uma vez que no local havia várias crianças.
Diante do confronto, o tal morador, que não teve o nome relatado pela mulher, disse que iria matá-lo com diversos tiros na cabeça. Passada a situação, dias após, Nenê acabou sendo baleado e faleceu. Sete anos após, ainda não há comprovação de quem tenha sido responsável pelo crime e, por isso, continuam sendo realizadas audiências para investigar supostos autores do homicídio.
Foi em uma dessas ocasiões, em setembro deste ano, que o advogado Railton Oliveira acompanhava seu cliente, um dos nomes investigados, quando a mãe de Nenê, Sylvia Mirian, foi arrolada como testemunha, mas, segundo o advogado, demonstrava descontrole na audiência de instrução, que contou ainda com a participação remota da promotora de justiça responsável pelo caso, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria.
Em entrevista, Railton contou que Sylvia precisou ser contida por dois policiais de tão exaltada que estava. “Ao contrário do que disseram, não partiu dele a decisão de ordenar a prisão, mas ela veio depois de um pedido meu, diante do flagrante”. Entre dano ao patrimônio, desacato e ameaça, o jurista pontua que, supostamente, ao menos sete crimes podem ter sido cometidos pela mulher.
Sem retomada
Após a saída de Sylvia da sala, o juiz Wladymir Perri teria tentado retomar os trabalhos, porém, de acordo com o advogado Railton Oliveira, ele foi interrompido diversas vezes pela promotora Marcelle, o que acabou inviabilizando a continuidade dos trabalhos e que as demais testemunhas fossem ouvidas. “A doutora Marcelle é sempre provocativa e já estive em um júri popular em que ela foi bastante deselegante com os advogados”.
Além das declarações do advogado, o episódio por ele narrado está registrado em vídeo e em ata. Até o momento, quase um mês após a audiência de instrução, o documento não foi impugnado ou questionado pela Promotoria de Justiça ou por Marcelle de Faria. “Essa ata não foi impugnada pela promotora, que poderia pedir alterações no documento. Ela não fez porque sabe que tudo o que está na ata foi o que ocorreu na audiência”.