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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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Esquema no legislativo

Dinheiro de mensalinho na ALMT era transportado em mochilas e caixas, apontam testemunhas

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Dinheiro de mensalinho na ALMT era transportado em mochilas e caixas, apontam testemunhas
Processado em ação de ressarcimento para devolver R$ 18 milhões supostamente recebidos como mensalinho na Assembleia Legislativa (ALMT), o ex-deputado Humberto Bosaipo vai ter que se defender de testemunhos que apontam sérias irregularidades. Servidor que trabalhou no gabinete de Bosaipo afirma que buscou vários envelopes com quantias em dinheiro. Outro servidor acusou que o dinheiro era transportado em mochilas ou caixas.

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A testemunha identificada como J.B. confirmou que Bosaipo recebia o mensalinho. J.B deu detalhes da forma como ele recebia. Por inúmeras vezes, na condição de subordinado e a mando do Parlamentar, o servidor buscou envelopes.
 
“Olha, ele recebia uns valores mensal que a gente sabia que não era o, o, o cotidiano né? Você não recebia aquilo... que o que você tem a receber de uma instituição, você recebe pela instituição, alguma coisa que ela é... ela é oficial, se eu recebo em espécie, eu não...Então a gente já desconfiava né?”, salientou.
 
Ainda segundo J.B., os pagamentos ocorreriam em dinheiro e, em algumas oportunidades, por meio de cheques. Ainda segundo J.B., quem entregava as quantias era Edemar Adams, ex-secretário da ALMT, ou o próprio presidente da Casa de Leis, o ex-deputado José Riva.
 
“Olha é eu vou dizer para o senhor porque, às vezes, eu que ia buscar, às vezes, com o Secretário de...o Secretário de Finanças. Na época era o Edemar. É, às vezes, até com o próprio deputado, ex-deputado José Riva.”
 
Mochilas ou caixas
 
Outra testemunha, identificada como C.V., ex-assessor parlamentar de Riva, afirmou que os evolvidos no esquema entravam e saiam com mochilas da sala em que o mensalinho era pago.
 
“A gente ficava na antessala e via sim o Edemar, entrava todo mês, vamos dizer assim, né? Às vezes eu não estava ali, estava na rua fazendo algum serviço, mas vi o Edemar sim várias vezes entrando na sala com o Riva, seja com mochila ou caixa, e até o senhor pode falar assim... pode estar num envelope? podia ser dinheiro sim senhor”.
 
O caso

O Ministério Público de Mato Grosso propôs nesta sexta-feira (18) três ações sobre mensalinho na Assembleia Legislativa. Foram acionados os ex-deputados Humberto Bosaipo, Antônio Severino de Brito e Joaquim Sucena Rasga. Somados, os valores das causas somam R$ 37 milhões. Processos aguardarão julgamento na Vara Especializada em Ações Coletivas.
 
Segundo o MPE, os valores teriam sigo pagos pela Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, com recursos públicos desviados da própria Casa de Leis, em contratos simulados mantidos com empresas de diversos ramos (gráficas, construtoras e setor de tecnologia da informação.
 
Os fatos surgiram inicialmente em acordo de delação premiada do ex-governador Silval Barbosa, que também atuou como deputado estadual. Segundo Silval, o mensalinho foi implantado ainda no governo Dante de Oliveira.
 
O mensalinho também foi delatado pelo ex-deputado José Riva. Riva apresentou 35 nomes de ex-parlamentares que se beneficiaram ilegalmente. Segundo o delator, o esquema existe desde o ano de 1995.
 
Contra Bosaipo, ação pede ressarcimento integral corrigido do montante desviado dos cofres do Estado de Mato Grosso e recebido a título de vantagem indevida, no valor de R$ 2,4 milhões, atualizados para R$ 18,2 milhões.
 
Contra Joaquim, o valor recebido ilegalmente, R$ 1,9 milhão, foi atualizado para R$ 15 milhões, que deve ser ressarcido. Contra Antônio Severino Brito, o valor desviado, R$ 1 milhão, foi atualizado para R$ 4,9 milhões, montante que também deve ser ressarcido.
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