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Ruptura democrática

Chefe do MP diz que vídeo de reunião ministerial expõe “entranhas podres” do governo Bolsonaro

23 Mai 2020 - 11:26

Da Redação - Arthur Santos da Silva/ Lucas Bólico

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Chefe do MP diz que vídeo de reunião ministerial expõe “entranhas podres” do governo Bolsonaro
O procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, José Antônio Borges Pereira, afirmou em entrevista ao Olhar Jurídico que enxergou uma tensão por ruptura democrática no vídeo da reunião ministerial do governo Jair Bolsonaro divulgado na sexta-feira (22) pelo Supremo Tribunal Federal, em decisão do ministro Celso de Mello. De acordo com Borges, as imagens revelam “entranhas podres” do atual governo.  
 
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“Essa tensão provocada pelo Bolsonaro desde do início do seu governo em romper com as instituições democráticas construídas em 1988 tem um só nome, ditadura. E não se iludam, tem suas milícias digitais e armadas com generais, capitães e patentes menores apoiando esse auto-golpe. Somando a uma crise pandêmica/econômica com tempestade perfeita para darem o golpe”, afirmou Borges.
 
“Preparemo-nos para o pior e fiquemos alerta, com centrão de Waldemar Costa Neto e o Roberto Jefferson dando sustentação. Dias difíceis e o Procurador Geral da República como a Rainha do jogo de xadrez nas palavras do Bolsonaro”, completou.
 
O vídeo foi apontado como prova pela defesa do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, de que o presidente vinha tentando interferir no comando da Polícia Federal para obter informações de investigações e proteger familiares e aliados. A gravação da reunião ministerial de 22 de abril foi requisitada pelo Supremo, que a divulgou quase na íntegra, suprimindo apenas trechos em que são discutidos assuntos pertinentes à China e Paraguai, para preservar o Brasil de problemas na diplomacia internacional.  
 
Em cerca de duas horas de gravação, Bolsonaro e seus ministros ofendem prefeitos e governadores, defendem o armamento ostensivo da população, criticam medidas tomadas por lideranças políticas para frear o avanço do novo coronavírus. Destacam-se ainda as falas do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que defendeu prisão para ministros do STF, e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que sugeriu que o governo aproveite o momento de preocupação da imprensa com a cobertura da pandemia para desregulamentar regras de proteção ambiental.
 
“Vídeo mostrar as entranhas podres do que pensam e como devem governar. O mais grave foi a tática bovina do ministro do meio ambiente coadunado com grileiro e extermínio dos povos indígenas”, criticou Borges.
 
Apreensão do celular do presidente
 
Outro tema polêmico levantado na sexta-feira foi o envio por parte do ministro Celso de Mello para a Procuradoria Geral da República (PGR) de três notícias-crime apresentadas por partidos e parlamentares que pedem novos desdobramentos na investigação sobre a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Entre as medidas solicitadas estão o depoimento do presidente, e a busca e apreensão do celular dele e de seu filho, Carlos Bolsonaro, para perícia.
 
Ontem mesmo o presidente da República já avisou que não entregará seu celular e o ministro do Gabinete Institucional, general Augusto Heleno, declarou que uma eventual apreensão do aparelho de Bolsonaro seria “inconcebível” e teria “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”.
 
Borges explica que Mello fez o que está previsto na constituição e não determinou a apreensão do celular. “Essa questão está ligadas aos fake news, onde o filho do presidente tem o celular do pai emparelhado e/ou gerência os disparos dos ataques, segundo a representação de partidos políticos que o fizeram. E o ministro Celso de Mello mandou para o PGR para analisar o pedido com legitimidade da Ação Penal, lembrando da missão irrenunciável do Ministério Público como defensor da sociedade e do regime democrático de direito”.
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