Três trabalhadores dos Correios foram demitidos após recusa de trabalho pela falta de condições sanitárias mesmo diante da pandemia de coronavírus. O Sindicato decidiu cruzar os braços e cobrar a liberação do grupo de risco dos terceirizados para trabalho remoto como já acontece com os efetivos (concursados) e revezamento de turnos. Nesta quarta-feira (25), uma denúncia foi apresentava no Ministério Público do Trabalho (MPT).
Leia mais:
Padaria Moinho demite 15 funcionários e concede férias para 30
Dentre as acusações constam: o assédio cometido através de um termo de informação, falta de condições mínimas de trabalho, falta de limpeza no início e no fim da jornada. Segundo o Sindicato existem agências, na capital e principalmente no interior que estão há mais de um mês sem qualquer tipo de limpeza.
Na tarde desta terça-feira, os trabalhadores decidiram cruzar os braços exigindo os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), álcool em gel, luvas e máscaras. Não foram atendidos. "Até agora a empresa forneceu, em pouca quantidade, álcool 70 e realizou as demissões”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios, Edmar Leite.
Os trabalhadores terceirizados do grupo de risco, que não podem se identificar por medo de retaliações, denunciaram que estão sendo obrigados a trabalhar num galpão com aglomerações, entre 150 a 200 pessoas.
“Na quarta-feira da semana passada fomos avisados que os do grupo de risco poderiam fazer teletrabalho, mas no sábado fomos chamados para, a partir desta segunda-feira, dia 23, retornar ao trabalho”, denunciou um trabalhador terceirizado. Segundo ele, “os trabalhadores terceirizados não tem a mesma segurança dos trabalhadores concursados e por isso eles nos pressionam”.
O presidente do Sindicato disse que apesar dos canais da empresa informarem que fornece os EPIs, álcool em gel e outros na realidade isso não acontece conforme imagens captadas no CTCE onde é possível notar os trabalhadores manuseando cartas e outros produtos sem uso de máscara e sem luvas.
Edmar Leite informou que além da denuncia no MPT, será ajuizada, ainda hoje, ação civil pública em defesa de todos os trabalhadores efetivos e terceirizados da ECT.
Outro lado
Por meio de nota, a assessoria de imprensa dos Correios negou a demissão dos empregados. Em relação ao plano de ação da empresa para combate do Covid-19 encaminhou o seguinte posicionamento:
Os Correios estão seguindo a determinação do Decreto nº 10.282/2020 da Presidência da República, que define os serviços postais como essenciais. A empresa está atenta à proteção de empregados e clientes, com protocolos operacionais e profiláticos já disseminados, baseados nas orientações do Ministério da Saúde.
O plano de ação dos Correios para combate à COVID19 pode ser conferido em: https://saladeimprensa.correios.com.br/noticias/2020/03/20/coronavirus-correios-adota-novas-medidas-para-enfrentamento-da-pandemia/.
Entre as medidas já adotadas pela estatal, destacam-se:
· Envio de orientação a todos os empregados quanto aos cuidados básicos de higiene, conforme recomendado pelo Ministério da Saúde;
· Disponibilização de álcool gel 70% em locais próximos às estações de trabalho;
· Intensificação de procedimentos de higienização e limpeza do ambiente e equipamentos.
Atualizado às 15h49 do dia 26 de março de 2020.