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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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OPERAÇÃO RÊMORA

Juíza se surpreende com Malouf: 'o senhor é um HD cheio de informações valiosas'; ouça áudio

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Juíza se surpreende com Malouf: 'o senhor é um HD cheio de informações valiosas';  ouça áudio
A juíza Ana Cristina Mendes, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, se surpreendeu com a quantidade de informações que o empresário Alan Malouf sabe sobre o esquema de esquema de fraudes em licitações em obras de escolas, no âmbito da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Malouf fez parte do grupo de empresários beneficiados com as fraudes e detalhou como era feita a divisão dos repasses a servidores e políticos, entre eles o ex-governador Pedro Taques.
 
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Alan Malouf iniciou relatando sobre a doação de R$ 10 milhões que ele e outros quatro empresários deram à campanha de Taques. Ele disse que deste valor, cerca de R$ 3 milhões foram seus. O empresário afirmou que entr no esquema da Seduc para reaver o dinheiro investido em Taques.
 
“Eu sou o responsável, neste grupo dos empresários do empréstimo dos R$ 10 milhões, e como eu era a pessoa mais próxima do Pedro os empresários sempre me cobravam, ainda bem que estava acordado junto com ele, na minha casa, que este dinheiro seria devolvido”, disse o empresário.
 
Deste valor “investido”, Malouf afirma que conseguiu reaver cerca de R$ 260 mil, com os pagamentos de propina feitos pelas construtoras beneficiadas com as fraudes. Segundo ele a motivação dos empresários para a doação dos R$ 10 milhões foi porque “o grupo visualizava o governo passado, e queria algo diferente, porque todos são empresários, de certa forma queria algo melhor”.
 
Ele também relatou à juíza como era feita a divisão da propina paga. Ele disse que o líder de um dos “núcleos” do esquema era Giovane Guizardi. Era Guizardi quem fazia os repasses a Malouf, e o empresário disse que todos teriam concordado com a maneira como o dinheiro era dividido.
 
Do valor ilícito recebido, 25% era repassado ao então secretário de Educação Permínio Pinto, 25% era repassado a Guilherme Maluf, 25% para Alan Malouf, 5% a Wander Luiz dos Reis, 5% a Fabio Frigeri, 5% ia para o caixa de administração e 10% ia para Giovane Guizardi, todos estes empresários, servidores ou políticos envolvidos no esquema.
 
Malouf ainda disse que dos seus 25% uma parte era repassada a Pedro Taques. Ele também disse que Permínio Pinto foi indicado pelo ex-deputado Nilson Leitão e dos 25% dele uma parte era passada a Leitão, para quitar dívidas de campanha. Os valores repassados a Guilherme Maluf também seriam para quitar dívidas de campanha. No entanto, Alan Malouf disse que não sabia de todos os detalhes do “modus operandi”.
 
Ele disse que recebia os valores, mas sem saber de onde veio, nem se era compatível com o total de propina, quem fazia este controle seria Giovane. Segundo ele, recebia o valor de Giovane “na confiança”. “Eu sabia que era [dinheiro] das construtoras, mas não sabia de qual”.
 
Alan Malouf ainda garantiu à juíza que o ex-governador Pedro taques sabia de todo o esquema, da recuperação dos gastos feitos na campanha e também do esquema de fraudes na Seduc. A juíza disse ao empresário “O senhor é um HD cheio de informações valiosas”. Em resposta Malouf disse “vou dizer para a senhora o seguinte, foi a primeira vez que eu participo disso, e a senhora pode ter certeza que é a última”.


 
Rêmora
 
Na primeira fase da ação, o Gaeco, apontou três núcleos de atuação: de agentes públicos, de operações e de empresários. O núcleo de operações, após receber informações privilegiadas das licitações públicas para construções e reformas de escolas públicas estaduais, organizou reuniões para prejudicar a livre concorrência das licitações, distribuindo as respectivas obras para 23 empresas, que integram o núcleo de empresários.
 
Por sua vez, o núcleo dos agentes públicos era responsável por repassar as informações privilegiadas das obras que iriam ocorrer e também garantir que as fraudes nos processos licitatórios fossem exitosas, além de terem acesso e controlar os recebimentos dos empreiteiros para garantir o pagamento da propina.
 
Já o núcleo de empresários, que se originou da evolução de um cartel formado pelas empresas do ramo da construção civil, se caracterizava pela organização e coesão de seus membros, que realmente logravam, com isso, evitar integralmente a competição entre as empresas, de forma que todas pudessem ser beneficiadas pelo acordo.
 
Na primeira fase da Rêmora foram presos: o ex-assessor de Permínio, Fábio Frigeri, e ainda Wander Luiz dos Reis e Moises Dias da Silva.  Já o Núcleo de Operações contava com a participação de Luiz Fernando Costa Rondon, Leonardo Guimarães Rodrigues e Giovane Guizardi.
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