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Quinta-feira, 07 de novembro de 2024

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Águas Cuiabá deverá explicar presença de 27 agrotóxicos no abastecimento na capital

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Águas Cuiabá deverá explicar presença de 27 agrotóxicos no abastecimento na capital
A Águas Cuiabá deverá apresentar, no prazo de 10 dias, os motivos pelos quais as águas que abastecem a capital estão contaminadas com 27 agrotóxicos e quais provicêndências serão tomadas, conforme aponta portaria do dia 10. 


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A medida é resultado da investigação que será feita pela 17ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Mato Grosso quanto a presença de agrotóxicos nas águas, sendo 11 deles associados a doenças como câncer, malformação fetal e distúrbios endócrinos.

Ainda no dia 30 de maio, a portaria designou a oitiva do professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Wanderlei Pignati Archives, doutor em Saúde Pública, em relação aos agrotóxicos encontrados. Para o Ministério da Saúde, a exposição humana a agrotóxicos representa um problema de saúde pública.

Segundo o Sistema de Informação de Vigilância de Qualidade da água para Consumo Humano (Sisagua), uma em cada quatro cidades brasileiras apresentam o “coquetel tóxico”. Além de Cuiabá, entre as capitais com contaminação múltipla estão Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Manaus, Palmas, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.

Por meio de nota, o Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Sindcon), defendeu que o levantamento feito entre 2014 e 2017 pelo Sisagua não tem padronização metodológica e tem conclusões precipitadas.
“O levantamento não fez uma análise pormenorizada da qualidade das informações inseridas no banco de dados e extrapola os valores informados. Foram contabilizados dados da água bruta, da água na estação após o tratamento e na própria rede de abastecimento; dessa forma, temos contabilizado, em alguns casos, um suposto resultado triplicado”, explica.

A Águas Cuiabá, por sua vez, afirmou que a água fornecida está nos padrões de potabilidade fixados pelo Ministério da Saúde e que realiza anualmente mais de 600 mil análises a fim de garantir segurança ao consumo humanos. "O conjunto de resultados comprova a qualidade da água produzida pela concessionária, imprimindo a confiabilidade necessária para que a água fornecida pela rede pública de abastecimento seja consumida", defende.

A consessionária ainda acrescenta que irá se manter à disposição da promotoria, da Ordem Urbanística e do Patrimônio Cuiabá e do Ministério Público de Mato Grosso (MPE-MT).

Veja a nota do Sindcon na integra:

A respeito da recente pesquisa sobre agrotóxicos na água, o SINDCON – Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto, que reúne 250 operações de saneamento geridas pela iniciativa privada em todo o país, vem a público esclarecer, no sentido de contribuir com a elucidação dos fatos e tranquilizar a população, que o referido levantamento carece de padronização metodológica e leva a conclusões precipitadas, que nada colaboram para que o assunto possa vir a ser debatido de forma positiva pela sociedade.

O levantamento não fez uma análise pormenorizada da qualidade das informações inseridas no banco de dados e extrapola os valores informados.

Foram contabilizados dados da água bruta, da água na estação após o tratamento e na própria rede de abastecimento; dessa forma, temos contabilizado, em alguns casos, um suposto resultado triplicado.

Por falta de padronização na metodologia de inserção dos dados no banco de dados do SISAGUA do Ministério da Saúde, os resultados são pouco comparáveis e susceptíveis tanto a falsos positivos, quanto a falsos negativos. Uma análise comparativa mais aprofundada entre os dados divulgados pela pesquisa e o banco de dados do SISAGUA mostra, por exemplo, que o valores 1; 1,0; 1,00 .... e 1,00000 são tratados de forma diferente, apesar de matematicamente representarem exatamente o mesmo valor de uma unidade medida, ou seja, 1,000 na pesquisa foi tratado como 1.000 – hum mil unidades.

Outro exemplo de falta de padronização é verificado na afirmação em que resultados inseridos como inferiores ao Limite de Quantificação de uma metodologia foram contabilizados como positivos na divulgação dos resultados.

É como se tivéssemos colocado numa análise de temperatura da água um termômetro de medição de febre, cujo indicador varia de 35oC a 42oC, em um copo de água gelada. O valor indicado será o mínimo do termômetro, mas sabemos que a temperatura real é bem menor.  

Transferindo esse exemplo para as análises em questão, medições usuais do nível de agrotóxicos na água são realizadas em equipamentos que também possuem um valor Limite de Quantificação – LQ (LQ de um procedimento analítico individual é a menor quantidade do analito na amostra que pode ser quantitativamente determinada com precisão e exatidão aceitáveis). Ou seja, mesmo que o resultado seja zero, ou inexistente, o resultado laboratorial sempre será inferior ao LQ e todos os LQ´s estão abaixo dos valores permitidos em legislação.

A plataforma de inclusão de dados do SISAGUA permite que se insira o resultado final como um resultado inferior ao LQ. Quase a totalidade dos resultados realizados pelas concessionárias privadas indicam o resultado “MENOR DO QUE O LIMITE DE QUANTIFICAÇÃO” e a totalidade dos resultados expressos foram considerados como positivos, pelo resultado da pesquisa.

Enfatizamos que todas as concessionárias privadas de saneamento são reguladas e realizam periodicamente análises de monitoramento em todos os seus respectivos sistemas de abastecimento, compreendendo centenas de parâmetros, entre os quais o nível de agrotóxicos e herbicidas contidos na água, respeitando os limites estabelecidos na Legislação Brasileira (Portaria 2914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde, atualmente consolidada na Portaria de Consolidação número 5, de 28 de setembro de 2017).    

As concessionárias também realizam análises mensais de parâmetros físico-químicos e bacteriológicos por laboratórios de controle com sistema de gestão baseado na ISO 17.025/17. Os relatórios com os resultados da qualidade da água são enviados mensalmente ao Ministério da Saúde e também disponibilizados às Vigilâncias Sanitárias municipais e/ou estaduais, conforme o caso.

Não há, portanto, qualquer comprometimento da qualidade da água distribuída pelas concessionárias privadas de saneamento, que seguem rigorosamente a legislação sanitária vigente.


Veja na íntegra a nota da Águas Cuiabá:

A Águas Cuiabá reafirma que a água fornecida por meio da rede pública de saneamento da capital mato-grossense atende aos padrões de potabilidade fixados pelo Ministério da Saúde.

A concessionária realiza regularmente testes na água tratada distribuída no município, num total de mais de 600 mil análises por ano, com o rigor técnico indispensável à segurança ao consumo humano. Os testes são realizados em laboratórios internos e externos acreditados, conforme as normas vigentes no país. O conjunto de resultados comprova a qualidade da água produzida pela concessionária, imprimindo a confiabilidade necessária para que a água fornecida pela rede pública de abastecimento seja consumida.

Todos os resultados dos testes efetuados em diferentes amostras captadas no sistema de tratamento, bem como os respectivos laudos técnicos, são inseridos no Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua) e informados em reuniões periódicas com servidores da Vigilância Sanitária.

A Águas Cuiabá mantém-se à disposição da 17ª Promotoria de Justiça de Defesa Ambiental, da Ordem Urbanística e do Patrimônio Cuiabá, do Ministério Público de Mato Grosso (MPE-MT), no papel legal de representante dos interesses da sociedade, para apresentar todas as informações a serem solicitadas pelo órgão acerca da qualidade da água distribuída no município.
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