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Sábado, 05 de outubro de 2024

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Operação Rêmora

Cronologia mostra que acusação de Malouf contra Selma, Galindo e Marco Aurélio foi retaliação

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Cronologia mostra que acusação de Malouf contra Selma, Galindo e Marco Aurélio foi retaliação
A ordem cronológica de fatos desencadeados pela delação do empresário Alan Malouf demonstra uma suposta manobra jurídica. Descontente com o resultado pré-homologação do acordo, circunstância que travava a colaboração, Malouf teria planejado uma série de retaliações. Os alvos principais foram o advogado Fábio Galindo, a juíza aposentada Selma Arruda e o promotor de Justiça Marco Aurélio.

 
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Conforme documentos obtidos pelo Olhar Jurídico, Alan Maluf iniciou tratativas com o Ministério Público de Mato Grosso (MPE) para se tornar delator premiado.  Após apresentação de 14 volumes de documentos acusatórios, o MPE deliberou sobre o possível acordo.
 
No dia 13 de dezembro de 2016 os promotores de Justiça Marco Aurélio, Samuel Frungilo e Carlos Roberto Zarour afirmaram que quase toda a documentação apresentada por Alan Malouf, com exceção de um dos 14 volumes, deveria ser avaliada pela Procuradoria-Geral da Republica, por tratar de informações envolvendo pessoas com foro privilegiado junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
 
Ainda segundo os membros do MPE, o único volume possível de ser examinado em Mato Grosso, identificado como VIII, trouxe uma narrativa repleta de omissões propositais. Os promotores explicaram que o empresário utilizou o artifício de “reserva mental” para tentar controlar a investigação, contrariando “prova obtida mediante árdua atividade investigativa”.
 
“Por ora, a base do relato contido no anexo VIII demonstra omissão, contradição e tentativa de atrapalhar a atividade investigativa na citada Operação Rêmora, em trâmite na Justiça Estadual de Mato Grosso”, deliberaram os promotores.
 
Um dia depois do parecer do MPE, em 14 de dezembro de 2016, a então juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Arruda, concordou com o Gaeco, negando a colaboração premiada e determinando a prisão preventiva de Malouf justamente pela “reserva mental” do suspeito.
 
O empresário se apresentou à Justiça no dia 15 de dezembro para o cumprimento da prisão. Na mesma data, instruído por sua defesa, Malouf apresentou diretamente ao então Procurador Geral da Republica, Rodrigo Janot, documento pedindo que um novo volume de acusações fosse anexado.  A petição foi entregue diretamente ao nome máximo do Ministério Público devido, segundo Malouf, “a gravidade e peculiaridade do caso”.
 
Os novos documentos apresentados diretamente a Janot acusaram o advogado Fábio Galindo, a juíza Selma Arruda e o promotor de Justiça Marco Aurélio. Conforme informações expostas, o defensor teria oferecido seus trabalhos ao preço de R$ 3  milhões com a garantia de blindagem.
 
Suposto encontro ocorreu em uma chácara de um familiar de Fábio. Segundo acusação de Malouf, o advogado garantiu proteção no Ministério Público (Marco Aurélio) e Judiciário (Selma Arruda).
 
“Segundo Fábio, ele é muito próximo/íntimo do Coordenador do Gaeco [Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado], bem como da juíza da Sétima Vara, Selma Arruda, e conseguiria dar essa blindagem ao peticionante e outro empresários, para que operações não viessem a ser deflagradas e prisões não viessem a ocorrer”, afirma trecho da narrativa entregue por Malouf.
 
 Se comprovada a má-fé, Malouf pode perder a colaboração por ter mentido, além de responder pelo crime de denunciação caluniosa contra as autoridades.
 
Os citados
 
Fábio Galindo, ouvido pela reportagem, afirmou que o empresário agiu por maldade. “Eu já tinha ouvido, mais de uma vez, que Alan Malouf estava magoado comigo e outras autoridades por não ter lhe ajudado no processo. Ele acreditava que seus conhecidos deveriam atuar nos bastidores para beneficiá-lo. Problema dele. Não faria isso, não fiz, e não me arrependo. Não mexi uma palha para ajudar ou prejudicar Malouf. Fiz a coisa certa. Escolhi o lado certo da história e tenho a consciência tranquila”.
 
“Só não imaginava que criariam uma estória leviana como essa, a ponto de inventar uma mentira deslavada para tentar macular a honra e a biografia de pessoas com anos e anos de vida pública reta. Estou perplexo com essa manobra de ‘criar’ um anexo um dia depois da colaboração negada e prisão decretada. Isso só revela que a maldade humana não tem limites”, complementou.

Em contato com a reportagem, Selma afirmou que a manobra de Alan Malouf tentou “cavar” uma suspeição para afastar Marco Aurélio das investigações. Ainda segundo a juíza aposentada, a acusação não tem credibilidade.
 
O Olhar Jurídico não conseguiu contato com Marco Aurélio.
 
A defesa de Alan Maluf
 
O advogado Huendel Rolim afirmou que não vai se manifestar sobre a acusação de retaliação praticada por seu cliente.

"Só iremos nos manifestar nos autos do processo, reiteramos, todavia, que Alan vem cumprindo seu termo de acordo perante as instituições constituídas".
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