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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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MP pede que Justiça anexe documentos que mostram possível desavença entre tenente Scheifer e cabo Jacinto

Foto: Arquivo pessoal

MP pede que Justiça anexe documentos que mostram possível desavença entre tenente Scheifer e cabo Jacinto
O Ministério Público solicitou que o Poder Judiciário determine ao Comando do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) a remessa integral de documentos revelados com exclusividade por Olhar Direto que revelam que o tenente Carlos Henrique Paschiotto Scheifer relatou a seus superiores suposto abuso cometido pelo cabo da PM Lucélio Gomes Jacinto dois dias antes de ser morto por disparo feito pela arma de Jacinto, em atendimento a uma ocorrência de roubo a banco em Matupá. 
 
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Scheifer relatou suposto abuso de cabo ao comando do Bope dois dias antes de ser morto com tiro no peito
 
A manifestação foi juntada ao processo nesta terça-feira (16). Para o MP, a existência de procedimento administrativo instaurado pela vítima em desfavor do acusado, inclusive com aparente determinação de arquivamento por José Nildo Silva de Oliveira, então comandante do (BOPE), é absolutamente relevante à elucidação dos fatos.

Olhar Direto revelou na última sexta-feira (17) procedimento instaurado pelo 2º Tenente PM Carlos Henrique Paschiotto Scheifer, assassinado em maio de 2017, contra o cabo da PM Lucélio Gomes Jacinto, denunciado como um dos autores do referido homicídio.
  
Por meio da assessoria de imprensa, o promotor de Justiça Allan Sidney do Ó Souza citou a reportagem que revela que Scheifer comunicou aos seus superiores sobre a instauração de procedimento administrativo contra o cabo da PM Lucélio Gomes Jacinto dois dias antes de ser morto.  
 
Em depoimento prestado à Justiça no dia 11 de abril, José Nildo Silva de Oliveira negou ter conhecimento de qualquer desavença entre o tenente morto e dos demais integrantes da equipe.

Confira abaixo o documento encaminhado por Scheifer ao tenente-coronel José Nildo Silva de Oliveira dois dias antes da operação em Matupá:



   
Novos elementos sobre o caso
 
Os documentos publicados por Olhar Direto na última semana trouxeram mais elementos à investigação. Na denúncia do Ministério Público Estadual, consta que o crime teria sido cometido para evitar que a vítima adotasse medidas que pudessem responsabilizar os militares por desvio de conduta em uma ação que resultou na morte de Marconi Souza Santos, um dos membros da quadrilha perseguida por Scheifer e sua equipe. Santos teria sido morto por um tiro de fuzil disparado por Jacinto.
 
Em depoimento concedido na quinta-feira (11), o tenente-coronel José Nildo Silva de Oliveira, que era o comandante do Bope na época da morte de Scheifer, garantiu que não havia desavença entre o tenente morto e os demais membros da equipe. Negou a existência de fato anterior à morte que pudesse justificar uma ação planejada. O ex-comandante do Bope declarou não confiar na versão apresentada pelo Ministério Público e acredita que o tiro foi acidental.
 
Documento que reportagem teve acesso, no entanto, revela que, em 11 de maio de 2017, Scheifer comunicou ao comando do Bope denúncia que havia recebido de uma advogada, cujo cliente teria sido vítima de ação abusiva de Lucélio Gomes Jacinto. As informações repassadas por Scheifer ao comando do Bope acabaram logo arquivadas. Dois dias depois, o tenente foi enviado para atender ocorrência de assalto a banco em Matupá, ao lado de Jacinto, ocasião em que foi morto.
 
No termo de declaração colhido por Scheifer, a advogada relata que Lucélio Gomes Jacinto agiu de forma abusiva e a agrediu. O policial teria ido à casa da mãe da comunicante, à paisana, acompanhado de mais dois policiais para realizar uma busca. O irmão da advogada foi detido por estelionato e os parentes a acionaram. Ao ir à Central de Flagrantes, a advogada relata que acabou agredida.
 
A denunciante informou que ao chegar ao local, se identificou como advogada e se deparou com a equipe que havia atuado na ocorrência. O cabo Jacinto estava sem farda e dentro da viatura. Policiais que estavam fardados afirmaram que não haviam feito nada com rapaz detido. O conduzido, no entanto, informou que o cabo Jacinto havia lhe agredido. A advogada se dirigiu a Jacinto e afirmou que ele não poderia ter agredido seu irmão. “Eu quero ver você provar que eu agredi o seu cliente”, teria desafiado Jacinto, de acordo com o termo de declaração ao qual Olhar Direto teve acesso.
 
“Já que você não quer se identificar, eu vou tirar uma foto”, teria dito a advogada, uma vez que Jacinto estava sem farda. O relato dá conta de que neste momento o cabo desferiu um soco na vítima e só não desferiu outro porque foi impedido por uma testemunha. Ainda de acordo com ela, Jacinto teria batido em sua mão, derrubando o celular no chão e quebrando uma unha dela.  
 
A ocorrência aconteceu em 5 de maio de 2017. Ela relatou o caso a Scheifer em 9 de maio e o tenente encaminhou ao comando do Bope as informações prestadas no dia 11 daquele mesmo mês. Scheifer morreu no dia 13.

Prisões 

Quase dois anos após a morte do policial, os três denunciados foram presos. No último dia 16 de março, o juiz Marcos Faleiros determinou as prisões considerando a garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal e periculosidade dos indiciados.



Depoimentos

Apesar de presos desde 16 de março, o cabo Lucélio Gomes Jacinto; o 3º sargento Joailton Lopes de Amorim e o soldado Werney Cavalcante Jovino só devem ser ouvidos no próximo dia 17 de junho, às 13h30, no Fórum de Cuiabá.

Nestas duas últimas semanas foram ouvidas na 11ª Vara Criminal as testemunhas de acusação. No último dia 3 de abril foram ouvidos os militares: cabo Alex Sander de Souza Vizentin; sargento Antônio João da Silva Ribeiro; tenente Herbe Rodrigues da Silva; tenente-coronel Cláudio Fernando Carneiro; e tenente Jonas Puziol.
 
Já nesta quinta-feira (11) foi ouvido tenente-coronel José Nildo Silva de Oliveira, que à época do crime era o comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), do qual Scheifer, bem como os acusados, fazia parte.

Confira abaixo o documento encaminhado por Scheifer ao tenente-coronel José Nildo Silva de Oliveira dois dias antes da operação em Matupá. 
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