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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Com aval do governador, Leitão indicou Permínio para obter benefícios, diz delação

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Com aval do governador, Leitão indicou Permínio para obter benefícios, diz delação
A delação premiada de Alan Malouf, divulgada nesta sexta-feira (19) após retirada de sigilo, afirma que os esquemas de desvios de recursos na Secretaria de Educação do estado de Mato Grosso começaram a partir da nomeação de Permínio Pinto como titular da pasta. Sua indicação foi feita pelo deputado federal Nilson Leitão, que era também recebedor dos benefícios do esquema.

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Segundo Alan, quando ele procurou Pedro Taques para falar sobre pedidos do empreiteiro Giovane Guizardi, que havia doado R$200 mil por meio de caixa 2 para a campanha, e tinha interesse de participar de obras, a resposta do governador foi que ele falasse com o secretário de educação, Permínio Pinto.

Em uma reunião entre Alan, Geovane e Permínio, o empreiteiro apresentou novamente seu interesse. No entanto, logo em seguida foi contatado novamente por Guizardi, que lhe teria dito que "Permínio está lá operando [na Secretaria] para o Nilson Leitão. Eles estão pagando as contas de campanha. Só você que está ficando de fora, aí, com seu débito com o atual Governador".

O delator, então, procurou Taques para informar do ocorrido, e o governador disse, mais uma vez, que ele procurasse Permínio, “mas não fique muito de fronte (sic) nessa operação”, afirmou.

Alan foi autorizado, então, a fazer “algumas captações para cobrir o débito de campanha do governador". O responsável pelas captações era  Frigeri, servidor da Seduc.  Ele chegou a ter um ‘impasse’ com Giovane por algum tempo.

Também era responsável pelas arrecadações o servidor Vander Luiz Bezerra, indicado pelo deputado Guilherme Maluf. Os valores eram arrecadados junto a empreiteiros com contrato com Secretaria de Educação, e o objetivo de todas as frentes era o pagamento das contas de campanha para Nilson Leitão, Pedro Taques e Guilherme Maluf.

O delator ainda conta que entregou R$40 mil, vindos de Geovane, para Guilherme Maluf, e que foi entregue um caixa, de valor não sabido, para Permínio, no final do ano de 2015. Outro nome citado é o de Ricardo Sguarezzi, empreiteiro, que teria pago, a pedido de Permínio, dívidas de gráfica de Nilson Leitão.

“A defesa apresentou ainda juntada de sentença e de recurso, sendo que ambas as peças reforçam a participação do Governador nos eventos criminosos, além de denúncia contra o Deputado Estadual Guilherme Malouf e Nilton Flávio de Brito Arruda”, afirma o documento.

A denúncia
 

Em 19 de abril de 2018, foi homologado o acordo de delação premiada, firmado entre o Ministério Público Federal e Alan Ayoud Malouf, com a finalidade de obter elementos de prova contra os investigados na Operação Rêmora, conduzida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso.

No requerimento de homologação do acordo, o Ministério Público Federal esclareceu que o relator revelou dados de um esquema de arrecadação de verbas, captadas mediante a doação de empresários, e a formação de chamado caixa dois, destinadas à campanha eleitoral de Pedro Taques ao Governo do Estado de Mato Grosso, em 2014.

Segundo asseverou, o retorno aos doadores consistiria na celebração de contratos, regulares ou não, com o Estado de Mato Grosso. O MPF também destacou a existência de vinte cadernos anexados ao acordo de colaboração premiada, nos quais está descrita a interlocução do delator com o governador e outras autoridades que detêm a prerrogativa de serem processadas no Superior e no Supremo, entre elas o deputado federal Nilson Leitão.
 
Malouf ainda apontou um esquema de desvio de recursos públicos, por meio de fraudes a licitação, no âmbito da Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer de Mato Grosso, durante a gestão do então secretário Permínio Pinto Filho.

Outro lado

O deputado Guilherme Maluf se manifestou sobre a delação por meio de nota oficial. Confira abaixo:

O deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB) nega veementemente os fatos apontados pelo delator e reafirma o que já deixou claro para a Justiça, que fez indicações técnicas dentro da Seduc. O parlamentar reforça que as denúncias feitas contra ele são infundadas, sem absolutamente nenhuma prova apresentada e que vai comprovar sua inocência com tranquilidade. Guilherme se coloca mais uma vez inteiramente à disposição da Justiça e afirma apoiar de modo irrestrito as investigações.

Confira abaixo a íntegra da nota emitida pela assessoria do governador Pedro Taques:

Conforme já declarado desde 2016, o governador Pedro Taques nega a prática do chamado “Caixa 2” em sua campanha eleitoral ao Governo de Mato Grosso em 2014 e tampouco autorizou vantagens indevidas a qualquer empresa durante o exercício do mandato. Apesar de citado por delator em acordo de delação premiada, Taques não é réu no processo da chamada “operação Rêmora” e terá direito a ampla defesa nos autos. O governador já constituiu advogados para atuar no processo e garantir que a verdade prevaleça.
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