O secretário de Infraestrutura e Logística de Mato Grosso (Sinfra), Marcelo Duarte Monteiro, considerou “absurda” a suspeita que pesa contra ele de favorecimento de organização criminosa no processo fraudado da licitação de R$ 11 bilhões para o sistema de transporte rodoviário intermunicipal do estado. Na manhã desta quinta-feira (03), ele avaliou ter sido apenas “proativo” em por à mesa a disputa.
As investigações da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários (Defaz) deram origem a operação “Rota Final”, que aponta indícios de que Marcelo Duarte tenha colocado seu cargo e prestígio à serviço do grupo criminoso que vinha fraudando processos licitatórios no sistema de transporte rodoviário intermunicipal em Mato Grosso.
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“Foi uma denuncia anônima que posteriormente foi apurada e não se identificou nada, pois é totalmente absurda. Sou o secretário que está fazendo esta licitação andar, tanto é que ela já foi publicada e hoje está andando, apesar de todas as dificuldades que temos, de pessoal e de estrutura. É uma licitação complexa, que sofreu reveses judiciais. Minha equipe esteve junto à PGE atuando para derrubar a liminar que impedia que a licitação acontecesse”, avaliou Monteiro na manhã desta quinta-feira (03), durante o seminário "Novos Rumos para a Integração Sul-Americana", na sede da Fiemt.
Para o secretário, a operação evidenciará sua atitude enérgica para/com a licitação, mas sem objetivo criminoso. “Restou claro ao final das apurações que minha atitude tem sido proativa no sentido de fazer com que a licitação ande, tanto é que poucos dias antes da operação (obviamente que não sabia da operação), estive no MP e fizemos um acordo novo e que está sendo cumprido, no sentido de fazer a licitação andar”.
O nome do titular da Sinfra é citado sete vezes na representação do Ministério Púbico Estadual (MPE), todas elas afirmando que o secretário participou do esquema fraudulento, supostamente articulado pelo empresário Eduardo Alves Moura, proprietário da empresa Verde Transporte.
De acordo com o MPE, a Sinfra vinha empregando meios para substituir o Sistema de Transporte Coletivo Rodoviário Intermunicipal de Passageiros do Estado de Mato Grosso (STCRIP/MT), aprovado em 2012 e que vem sendo implantado com sucesso em outros estados, para adequá-lo exclusivamente aos interesses dos empresários.
“Ardilosamente, foi lançado a elaboração “Modelagem e apoio às licitações de Transporte Intermunicipal”, sedimentando a intenção da SINFRA, leia-se MARCELO DUARTE, em substituir o STCRIP/MT aprovado em 2012, desenvolvido pela Fundação Ricardo Franco”, diz um trecho.
Em outro trecho, o MPE aponta que Duarte estava em total sintonia com a organização criminosa em frustrar a implantação do STCRIP aprovado.
Apesar dos indícios, Marcelo Duarte, assim como os deputados estaduais Dilmar Dal’Bosco e Pedro Satélite não foram alvos de mandatos de prisão e de busca e apreensão, como ocorreu com empresários e outros agentes públicos.
Nesta semana, indagado pelo
Olhar Jurídico, o secretário de Comunicação do Estado, Marcy Monteiro declarou que Marcelo Duarte já prestou esclarecimentos ao Ministério Público e não teve nenhum envolvimento neste caso.
Entenda o Caso:
A operação Rota Final, deflagrada no último dia 25 prendeu o empresário Eder Augusto Pinheiro, seus funcionários de confiança Max Willians de Barros Lima, Wagner Avila do Nascimento e o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros (Setromat), que também foram alvos de busca e apreensão.
Todos os detidos tiveram as prisões revogadas desembargador Giomar Teodoro Borges, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, atendendo ao pedido feito pela defesa de Julio Cesar Sales.