Imprimir

Notícias / Civil

Com dívida de R$ 124 milhões, mais um grupo do agro pede recuperação judicial; quatro requerimentos em novembro

Da Redação - Pedro Coutinho

A Agropecuária Três Irmãos Bergamasco, formada pela família de produtores rurais Bergamasco, entrou com pedido de recuperação judicial na 4ª Vara Cível de Sinop, com passivo superior a R$ 124 milhões. O grupo que atua no agronegócio e pecuária está presente nos municípios de Tapurah, Nova Mutum e Porto do Gaúchos, totalizando mais de três mil hectares de terras. Somente neste mês, pelo menos outros quatro grupos do agronegócio no estado ajuizaram processos semelhantes.

Leia mais
Juíza suspende leilão de fazenda que seria feito para pagar dívida de R$ 17 milhões

 
De acordo com o processo, a família Bergamasco atua há mais de 50 anos, e apesar da experiência no negócio, sofreu com a baixa produtividade da safra, e o baixo preço das commodities, principalmente nas safras de 2022 e 2023, quando a estimativa de venda da saca da soja era de R$ 150, mas foi comercializada a R$ 100, causando grande prejuízo ao grupo.

No pedido de recuperação judicial, o escritório ERS Advocacia, responsável pelo processo, esclarece que apesar de toda experiência e dedicação da família ao negócio, os percalços financeiros acabaram cumulando com a dificuldade econômica do Grupo Valter Bergamasco.

Segundo Allison Sousa, advogado do grupo, “os produtores, além de colaborarem com a economia de Mato Grosso e do país, são responsáveis por inúmeros empregos diretos e indiretos, o que demonstra a importância social e a necessidade de preservação de suas atividades. Por isso necessitam da intervenção do Poder Judiciário para terem a oportunidade de negociar com todos os seus credores de uma única vez e em pé de igualdade, para demonstrar a eles que têm condições suficientes, se continuarem operando, de cumprir com as obrigações”.

No pedido, os produtores requerem ainda que, seja determinado o impedimento de desfazimento de qualquer bem essencial às atividades dos requerentes, em especial, o sobrestamento de qualquer ato expropriatório ou que retire da posse e propriedade dos devedores, bens e equipamentos essenciais às suas atividades enquanto durar a presente ação.

Em sua decisão, a juíza da 4ª Vara Cível de Sinop, Giovana Pasqual de Melo, nomeou a empresa Jorge Gonso Consultoria Empresarial para verificação prévia dos documentos apresentados, que deverá indicar o preenchimento ou não dos requisitos legais para o processamento da recuperação judicial do Grupo Valter Bergamasco.

Recuperação judicial em MT
 
De acordo com dados do Monitor de Recuperação Judicial no Brasil, somente no 3º trimestre, 125 empresas entraram com pedido de recuperação judicial em Mato Grosso. No país, mais de 3 mil empresas ingressaram com o pedido. 

Somente em novembro de 2023, pelo menos quatro grupos do agro ajuizaram pedido de recuperação. No dia 7, a empresa 7SETE AgroIndustrial, propriedade do ex-candidato a deputado federal, Ernando Cardoso, com sede em Cuiabá, acionou 1ª Vara Cível da capital pedindo Recuperação Judicial por dívidas de R$ R$ 69 milhões. 

No dia 22, foi a vez da Golveia Holding e Agropecuária entrar com o pedido na 4ª Vara Cível de Rondonópolis, com dívidas declaradas de R$ 617 milhões. O juiz Renan Carlos Leão Pereira do Nascimento, antes mesmo de decidir pelo deferimento do pedido, determinou a blindagem da empresa, o que impede que credores entrem na justiça com ações executivas individuais e suspendeu o cumprimento de mandados de arresto contra a requerente.

O Grupo Caage ajuizou o pedido à 4ª Vara Cível de Sinop por dívidas que ultrapassam os R$ 450 milhões. O Grupo Caage tem atividades nos municípios de Cláudia e Primavera do Leste e atua no plantio de soja, milho e arroz e exploração de eucalipto. 

Nesta terça-feira (28), A juíza Anglizey Solivan de Oliveira deferiu, requerimento de tutela de urgência e antecipou o período de blindagem do patrimônio da família Mariussi, enquanto aguarda a juntada dos documentos necessários para análise do pedido de Recuperação Judicial.

Na mesma decisão, a magistrada suspendeu o leilão de lotes da fazenda Terra Nova, que seria realizado para quitar dívida de R$ 17 milhões contraída em 2015 pelo agricultor Orlando Mariussi com a empresa Via Fértil Produtos Agropecuários.  
Imprimir