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CASO INDÍGENA

MPE vê pais 'sem condições' e pede que bebê indígena enterrada viva seja levada para abrigo

10 Jul 2018 - 15:46

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Reprodução

MPE vê pais 'sem condições' e pede que bebê indígena enterrada viva seja levada para abrigo
O Ministério Público Estadual (MPE), por meio da Promotoria de Justiça de Canarana, requereu nesta terça-feira (10), medida protetiva de acolhimento institucional da bebê indígena Analu Paluni Kamayura Trumai, enterrada viva por quase seis horas, no dia 05 de junho. Internada desde seu resgate, a menor teve alta ontem (09) da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá.

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De acordo com o promotor de Justiça, Matheus Pavão de Oliveira, a medida protetiva de colocação em abrigo, para o acolhimento institucional, deve ocorrer para preservar a integridade física e psíquica da menor. No pedido, o MP solicita o retorno imediato da indígena para Canarana mediante a atuação coordenada do Conselho Tutelar e da Casa de Saúde Indígena (Casai). 

Para o Ministério Público, a situação da menor é de risco, decorrente da ausência de interessados comprovadamente aptos na sua guarda.  “Evidencia-se a deficiência na estrutura do núcleo familiar, o que enseja a situação de risco ora combatida”, destaca o MP. 

Diante da situação, o Ministério Público entende que a manutenção da menor em abrigo deve permanecer até que a situação de vulnerabilidade cesse, ou que sua genitora esteja em condições favoráveis, possibilitando assim o retorno ao convívio da família natural ou, subsidiariamente, a colocação em família substituta. 

O Ministério Público também solicitou a realização de diligências pelo Conselho Tutelar, a fim de localizar o genitor, os avós paternos e demais parentes, que possuam eventual interesse em permanecer com a criança e, em caso positivo, a realização, em caráter de urgência, de estudo psicossocial no ambiente familiar.

A genitora Maialla Paluni Kamayura Trumai, manifestou interesse na guarda do bebê, mas quer residir com seus familiares, inclusive com as acusadas. “O que se revela absolutamente inviável em virtude da gravidade do crime perpetrado. Por outro lado, alguns familiares e terceiros manifestaram interesse na guarda da menor. Todavia, à míngua de um laudo técnico que aponte cabalmente a aptidão de um algum familiar para tanto, revela-se necessário o ajuizamento da medida protetiva”, frisa o promotor. 

Um estudo antropológico também foi solicitado ao Ministério Público Federal, mas ainda não foi finalizado.

O caso

Ao iniciar escavação em busca do corpo, os policiais ouviram o choro do bebê e constaram que a criança estava viva. A bebê, agora identificada pelo Ministério Público como Analu Paluni Kamayura Trumai, foi socorrida e encaminhada para socorro médico imediato.
 
A bisavó da bebê, , Kutsamin Kamayura, 57, foi presa na manhã de quarta-feira (06) e na ocasião, alegou que a criança não chorou após o nascimento, por isso acreditou que estivesse morta e, segundo costume de sua comunidade, enterrou o corpo no quintal, sem acionar os órgãos oficiais.
 
Em continuidade às investigações, a Polícia Civil com oitivas de testemunhas envolvidas no caso, apurou a conduta e participação da avó da vítima, a indígena Tapoalu Kamayura, 33.

Ela tinha conhecimento da gravidez da filha de 15 anos, em razão da adolescente ser solteira e o pai da criança já ter casado com outra indígena. Durante todo período gestacional também ministrou chás abortivos para interromper a gravidez, segundo os depoimentos colhidos.
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